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O Currículo da Vida Prática

8/5/2013

6 Comentários

 
Marion Wallis EdD, Diretora do CEMSP
O Currículo de Vida Prática trabalha exatamente com isso: os assuntos práticos da vida.

Esses pontos práticos são cuidadosamente planejados – assim como em todas as áreas do currículo montessoriano – incluindo o isolamento de conceitos e passos sequenciais e crescentes que levam a criança a experienciar todo o processo com sucesso. Quando escolhe repetir uma atividade, familiariza-se com os procedimentos e ganha destreza e compreensão da sequência que a leva a crescer como ser humano completo. Os assuntos da vida prática incluem movimentação cuidadosa e graciosa no espaço onde a criança se encontra, cuidar de si mesma e de seu ambiente e se comportar de forma gentil e educada com outras crianças e com adultos.

Toda a educação é uma preparação para a vida. Quando pensamos nestes aspectos da vida e o que significam para a criança em constante crescimento e desenvolvimento, precisamos nos lembrar de que nosso papel é auxiliar a vida, ajudar a vida. Estamos aqui para apoiar, e não para criar obstáculos para a criança. Precisamos reinar em nossa percepção de importância e tomar muito cuidado para não diminuir, não retirar nada da essência profunda de quem a criança é.

Recentemente, mostrei um vídeo de uma sala montessoriana para um grupo de professores de Educação Infantil. Como é comum às crianças em ambientes Montessori, elas estavam desenvolvendo atividade significativas, individualmente, com graça e confiança. Ao final do vídeo, uma das professoras comentou: “Acho que temos pena da criança”.

Eu perguntei: “O que você quer dizer com “temos pena da criança”?”

A professora respondeu: “Bom, aqui no Brasil, nós achamos que a criança não consegue, ou não deve, fazer as coisas por si mesmas. Nós, os adultos, temos de ajudá-la”.

Eu respondi: “Ah, você quer dizer, como se ela fosse incapaz?”

Diferente de outros animais, os filhos humanos são extremamente dependentes dos cuidados e da proteção dos pais. Este cuidado e esta proteção continuarão por muitos anos, até que a criança se torne um jovem independente. Os pais desenvolvem amor por sua prole e protegem muito suas crianças menores. Mas a natureza também proveu a criança com ferramentas para seu aprendizado e crescimento, e para compreender o mundo à sua volta.

Nos primeiros anos, especialmente do nascimento aos seis anos de idade, a criança experienciará períodos sensíveis para seu crescimento em áreas específicas, como laços significativos com adultos, utilização das mãos, movimento, caminhar e uma percepção de ordem [2]. Durante estes períodos sensíveis, a aquisição não exige esforço, conforme a criança pratica e repete habilidades e atividades didáticas. O papel do adulto é prover as oportunidades e apoiar o aprendizado.

Pelo currículo de Vida Prática, a criança é encorajada a descobrir, explorar, a experienciar o processo completo de uma atividade de uma forma organizada e significativa. Ela é encorajada a ser responsável e independente de acordo com seu nível de desenvolvimento. Por esta razão, o adulto no ambiente montessoriano nunca fará para a criança nada que ela seja capaz de fazer por si mesma. É importante para nós lembrarmos que a criança pequena desenvolve-se pelo movimento e pelo trabalho. O corpo é empregado à serviço da mente.

“A mão toca as evidências e a mente descobre o segredo”[3]

A mão é de fato o instrumento do intelecto.


O Propósito dos Exercícios de Vida Prática

O propósito dos exercícios de Vida Prática e desenvolver o corpo e o intelecto. O currículo de Vida Prática provê formas de desenvolvimento de autonomia e independência. Permite à criança o exercício de suas competências e suas relações interpessoais. Conforme segue uma série de passos em sequência, ela também desenvolve sua mente matemática.[2]

Pelos exercícios do currículo de Vida Prática, a criança usa movimentos cuidadosos e graciosos para despejar, pegar com a colher, cortar, lavar, esfregar, e servir lanches para si e seus amigos. Ela aprende a abotoar, pressionar, enganchar e amarrar suas roupas e sapatos, a limpar seu nariz, escovar os dentes e pentear os cabelos. Também é capaz de enxugar o chão depois de derrubar um líquido, devolver uma atividade ao local a que pertence, polir, lavar e esfregar em seu ambiente. Está aprendendo como cumprimentar um visitante e como se comportar com gentileza e com empatia em uma comunidade.

Todas estas oportunidades dizem à criança: “Você é competente”, “Você é importante para sua comunidade”, “Você é um ser humano de valor”.

Espero que estes exemplos tenham clareado a ideia de que a criança recebe a oportunidade de desenvolver um senso de responsabilidade quando escolhe suas atividades e segue por passos sequenciais do começo ao fim. Ela está satisfazendo sua necessidade de ordem, e este período de ordem facilita este aprendizado. Ela está desenvolvendo sua autoestima: “Posso fazer isso sozinho”. Esta autoestima é geralmente expressa nas palavras de maravilhamento da criança diante de suas conquistas: “Eu fiz isso!”.

Conforme ela trabalha, ganha um senso de “propósito inteligente”[2], as atividades fazem sentido, e ela adquire uma apreciação profunda pelo trabalho. Isso ajuda a criança fisicamente, psicologicamente e moralmente na vida.[4]

Ajuda a criança a se concentrar e traz paz.[5]


Os Resultados na Criança

Antes de falarmos sobre os resultados que vemos nas crianças, vamos dar uma olhada em dez das habilidades mais importantes procuradas pelo mercado de trabalho. A lista é [6]:

  • Habilidades de comunicação;
  • Habilidades analíticas e de pesquisa
  • Alfabetização tecnológica
  • Flexibilidade/Adaptabilidade/Gerenciar múltiplas prioridades
  • Habilidades interpessoais
  • Habilidades de Liderança e gerenciamento;
  • Consciência multicultural
  • Planejamento e organização
  • Resolução de problemas/Racionalidade/ Criatividade;
  • Trabalho em equipe.

No entanto, não somente habilidades de trabalho, mas os dez valores pessoais que se procuram em candidatos a vagas de trabalho são listadas da seguinte maneira:

  • Honestidade / Integridade / Moralidade;
  • Adaptabilidade / Flexibilidade;
  • Dedicação / Trabalho duro / Ética de Trabalho / Tenacidade;
  • Ser confiável / Disposto / Responsável;
  • Lealdade;
  • Atitude positiva / Motivação / Energia / Paixão;
  • Profissionalismo;
  • Auto-Confiança;
  • Auto-Motivação / habilidade de trabalhar com pouca ou nenhuma supervisão;
  • Vontade de aprender.

Sabemos que escolas, como estabelecimentos, não necessariamente preparam as crianças para o mercado de trabalho. E não necessariamente sabemos como será o mercado do futuro. No entanto, as escolas precisam preparar as crianças com o conhecimento, as habilidades práticas e de pensamento crítico, assim como valores, ética e moral para que sejam bons em ajudar a humanidade.

Pelas atividades de vida real, a criança aprende a superar obstáculos. Sua fascinação com atividades de vida real relevantes levam à concentração. Conforme cresce em responsabilidade, ela demonstrará precisão de sua coordenação motora fina, coordenação de seus movimentos corporais, autoconfiança e autodisciplina. Os exercícios de vida prática conduzem a criança no caminho da normalização.[4]


Considerações finais

Devemos sentir pena das crianças pequenas? Devemos sentir que precisamos fazer tudo por elas? Devemos, assim, fazê-las sentirem-se dependentes, impotentes e incompetentes?

Pense em um jovem adulto que tenha perdido um membro, a visão ou a audição por um acidente da natureza ou por um desastre. Ouvimos histórias de piedade? Ou ouvimos histórias de vitória sobre a adversidade? [7],[8],[9]

Histórias de vitórias exibem fé, reconquistas, mudanças ou experiências de novos aprendizados. Estas pessoas de coragem lutam por “normalização”. Por um retorno ao estado normal [1]. O estado normal humano, de independência, valor, dignidade e contribuição para a sociedade.

Precisamos confiar na criança.


Referências

1. Veja o post “Sinalização e Mapa”, parte III da série sobre Normalização

2. Veja o post “Histórias de Equilíbrio”, parte II da série sobre Normalização

3. Montessori, Maria (201,). Psychogeometry. Netherlands: Montessori-Pierson Publishing Company. Page 58.

4. Rosemary Quaranta, Personal Communication, CEMSP Training Program at Graded School, São Paulo, 20.01.2012

5. Também conhecido por “Flow”. Csikszentmihalyi, Mihaly (1998). Finding Flow: The Psychology of Engagement With Everyday Life. Basic Books. 

6. http://www.quintcareers.com/job_skills_values.html

7. Nick Vujicic:

http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=dGbZcTD6h24&feature=fvwp

8. Oprah Winfrey:

http://www.youtube.com/watch?v=ZPW3EB5U0bo

9. When You are Hopeless:

http://www.youtube.com/watch?v=qQxiEFET8X0

10. Veja o post “Conceito e Significado”, parte I da série sobre Normalização

 

6 Comentários
Liziane
19/5/2020 21:36:58

Muito esclarecedor o conteúdo.

Responder
Connecticut Amateurs link
29/3/2021 12:14:03

Greatt blog you have

Responder
Luinis
22/10/2023 21:57:56

O qual rico é intuitivo cada página lida.

Responder
Maria da Conceição da Silva
21/5/2024 20:45:50

Muito esclarecedor....

Responder
Laudiane
12/6/2024 14:02:41

Muito bom este conteúdo

Responder
Luciana Constantino da Silva
27/6/2024 11:06:32

É fundamental o professor está sempre buscando novos conhecimentos para melhorar no desenvolvimento das crianças.

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    Autores

    Gabriel M Salomão foi aluno de uma escola montessoriana por doze anos. Hoje, realiza seu doutorado sobre o Método Montessori e difunde o método para escolas e famílias. Escreve sobre educação montessoriana aqui e no Lar Montessori.

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